Graças aos computadores, à electrónica digital e à robótica,
caminhamos cada vez mais no sentido da automatização total de processos e
serviços e para um desemprego cada vez maior. Desde a hotelaria à indústria
automóvel, desde a agricultura à logística, desde a gestão ao ensino, quase
todos os sectores económicos conseguem fazer muito mais com cada vez menos
recursos humanos, especialmente para tarefas repetitivas e mecânicas. Um pequeno
hotel funciona quase apenas com um único recepcionista e um serviço de limpeza
contratado externamente. Um automóvel é hoje quase todo montado e pintado por
máquinas e muitas indústrias seguem o exemplo produzindo os seus produtos com
muito pouca intervenção humana. Um curso de formação profissional pode ser hoje
todo ministrado electronicamente. Um robot pode fazer quase todo o nosso
jantar.
Um emprego como caixa de supermercado é a única oportunidade
que muitos jovens licenciados ainda encontram hoje no mercado de trabalho.
Dentro de poucos anos as compras do supermercado poderão ser entregues, maioritária
e directamente em nossa casa tal como acontece com a água, a electricidade ou a
internet, quase sem intervenção humana.
A tendência é de dar apenas emprego a bons recursos humanos
polivalentes e inteligentes mas, são cada vez menos a fazer o trabalho de
muitos. O objectivo parece ser o de um dia, no futuro termos uma taxa de
desemprego próxima dos 100%. Digamos que apenas haverá trabalho para capatazes,
ou seja, os chefes técnicos dos nossos novos escravos: as máquinas. Usando as
palavras do Prof Carvalho Rodrigues, estamos a falar do domínio dos “nascidos”
sobre os “fabricados”.
Avançamos no sentido de uma nova escravatura. Em vez de
humanos de diferentes raças, etnias, sexos e países, estamos hoje, cada vez
mais, a escravizar máquinas e computadores para nos fazerem todos os serviços e
produzirem todos os produtos e serviços que precisamos para a nossa vida de
conforto bem como para nos ajudarem a gerir as nossas empresas e a nossa vida
pessoal. Esta nova forma de escravatura tem grandes vantagens relativamente à anterior.
As máquinas não têm férias, nem baixas, nem fins-de-semana, nem fazem greves e,
melhor que tudo, são cada vez mais inteligentes e não têm sentimentos. Muitas
guerras no mundo foram originadas por vinganças humanas entre gerações que
escravizaram outras.
Esta nova escravatura parece, à partida, ser uma notícia
excelente. A raça humana parece ter agora a oportunidade de se dedicar a
tarefas muito mais leves como a filosofia, a arte, o convívio, as viagens, a
discussão política, o desporto ou o simples bem estar sem fazer nada (dolce far niente como dizem os
italianos).
No entanto é ainda muito difícil para muitas pessoas
imaginarem uma sociedade com um desemprego próximo dos 100%. Aliás, taxas muito
menores, inferiores a ¼ deste valor, já estão a provocar grandes convulsões
sociais em muitos países. O medo de perder o emprego é enorme mas, talvez o
maior medo, seja o de não saber o que fazer quando não se tem nada que fazer
ou, pior ainda, que falte uma receita fixa mensal para as despesas básicas da
vida.
O bom senso leva-me a crer que:
1. O automatismo e a escravatura das máquinas é inevitável
2. O desemprego vai aumentar tendencialmente (por mais manifestações que façamos)
3. É preciso proporcionar a ocupação das pessoas e meios para a sua subsistência digna
1. O automatismo e a escravatura das máquinas é inevitável
2. O desemprego vai aumentar tendencialmente (por mais manifestações que façamos)
3. É preciso proporcionar a ocupação das pessoas e meios para a sua subsistência digna
Ao longo das últimas décadas fomos inventando nomes para
estes meios de subsistência que foram surgindo e que derivam todos do mesmo: a
constante substituição de pessoas por máquinas. Desde o ordenado mínimo,
subsídio de desemprego, patrocínio cultural ou pensão de reforma, tudo isto são
termos que usamos para definir a receita mensal de quem não intervêm
directamente no tradicional processo de criação de riqueza ou de valor para uma
dada sociedade, comunidade ou país.
É talvez a hora de se definir um novo termo para o emprego:
TAXA DE OCUPAÇÃO
O objectivo de uma sociedade equilibrada e justa será o de
ter, no futuro, 100% de Taxa de Ocupação,
ou seja que todos estejam de algum modo ocupados a colaborar para o bem estar
dessa sociedade. E há muito por fazer! Especialmente nas questões ambientais,
desde o vigiar o respeito pela natureza e pelo ambiente, até ao acompanhamento
de desequilíbrios sociais, psicológicos, e de saúde púbica, desde a arte à
partilha de conhecimento, todo o tipo de ocupação, voluntária ou remunerada,
nunca é demais. Pode não haver emprego mas o trabalho é algo que nunca se acaba!
As questões energéticas e de equilíbrio do planeta são
provavelmente as mais preocupantes. As máquinas não querem saber se os recursos
do planeta se estão a esgotar ou se alguma coisa que fabricam faz mal aos
humanos mas, com a nossa criatividade e as máquinas computorizadas como nossas
escravas, iremos certamente encontrando soluções pelo caminho.
Nesta mudança de paradigma é provável que aconteçam alguns
desequilíbrios na distribuição de riqueza tal como sempre aconteceu no passado.
Há quem vá enriquecer muito e quem vá empobrecer demais, mas apenas
temporariamente pois, com o tempo e a intervenção das instituições públicas
locais e mundiais, creio que, com as máquinas a servirem-nos, temos todas as
condições para sermos, afinal, todos patrões de nós próprios e de deixarmos uma
sociedade mais feliz no futuro para os nossos filhos.
Nota: Estudo da Universidade de Oxford sobre Futuro do Emprego clique aqui
Nota: Estudo da Universidade de Oxford sobre Futuro do Emprego clique aqui
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